Uma reflexão necessária sobre o retorno ao trabalho presencial
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O futuro do trabalho exige mais do que presença física. Exige empatia, escuta e coragem para repensar o que realmente significa estar presente.
Apenas uma semana após meu primeiro texto do ano, a Você RH publicou uma matéria sobre a intenção de muitas empresas em retomar o trabalho presencial. É possível que queiram testar os limites da flexibilidade oferecida pelo modelo remoto ou híbrido. Mas será que voltar ao escritório, por si só, é sinônimo de produtividade, inovação e colaboração?
Atravessar a catraca da empresa não garante engajamento, tampouco resolve desafios culturais. Pelo contrário, pode mascarar problemas mais profundos, como ambientes tóxicos e dificuldade de integração verdadeira com os valores da organização.
Desde o início da pandemia, trabalho remotamente. Colaborei com colegas no Brasil e em outros continentes, participei de projetos globais, mudei de hemisfério e liderei iniciativas complexas – tudo sem estar fisicamente presente. No retorno gradual ao escritório, em meio a uma realidade ainda marcada pela Covid-19, os encontros priorizavam treinamentos, conexões humanas e alinhamento estratégico.
Voltar ao presencial impõe desafios logísticos e emocionais, especialmente para quem não mora perto do trabalho. Nas Filipinas, assim como nas grandes metrópoles brasileiras, o transporte público é limitado, os congestionamentos são constantes e o custo de vida, crescente. O trajeto diário cobra um preço alto: cansaço físico, exaustão mental e queda na capacidade de concentração.
O que mudou do cenário pré-pandemia para cá? A percepção dos empregados.
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Foto de vadim kaipov na Unsplash |
Trabalhar de casa revelou o valor do tempo. Pais e mães estiveram mais próximos dos filhos. Ganhamos em qualidade de vida, com menos deslocamentos e mais flexibilidade. No modelo híbrido, a previsibilidade dos dias de escritório é um alento. Como disse Zygmunt Bauman, em seu conceito de modernidade líquida, qualquer dose de previsibilidade é um gesto de resistência à ansiedade do mundo fluido em que vivemos.
Por fim, é impossível falar de retorno ao presencial sem mencionar as condições que realmente impactam a saúde mental: jornadas excessivas, líderes despreparados, ausência de pausas, falta de apoio ergonômico e culturas organizacionais que não compreendem o real sentido do “fim do expediente”.
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