🎄Tufões, Natal e Candidatos: bem-vindo a setembro no sudeste asiático

 📚 523 palavras • ⏱️ 3 a 4 min de leitura


Noite de um sábado chuvoso — o primeiro de setembro.

As luzes de Natal já brilham por aí. Sim, em setembro. Porque o Natal, hoje, tem menos a ver com o nascimento de Jesus e mais com uma espécie de festival de frases religiosas ocas, colocadas estrategicamente para tentar suavizar discursos raivosos. Jesus, nesse caso, é coadjuvante. Uma desculpa conveniente. Na prática, o Natal se parece mais com uma repetida crucificação do que com um nascimento divino.




Enquanto isso, do lado de fora, Hinnamnor dá o seu recado. A temporada de tufões não apenas bateu à porta — ela escancarou, com a elegância de um parente inconveniente que chega sem aviso e ainda critica sua comida e decoração. A diferença? O tufão não só critica: ele destrói tudo mesmo.

Batizado com dois nomes — Hinnamnor internacionalmente, e Henry nas Filipinas — este supertufão é apenas mais um lembrete de que o clima, como a política, não tem mais estação definida. Vem quando quer, e quando chega, é para causar.

Moro atualmente em um epicentro climático: as Filipinas. Um arquipélago com mais de 7.000 ilhas, posicionado no famoso Círculo de Fogo do Pacífico, onde placas tectônicas, vulcões ativos e oceanos temperamentais se encontram para brincar de Deus. Aqui, tudo é mais: mais chuva, mais terremoto, mais tufão. Um paraíso, se você for um fã de geodinâmica e adrenalina meteorológica.

Aliás, se você sempre achou que tufão e furacão são fenômenos distintos, bem-vindo à aula relâmpago: são o mesmo monstro com nomes diferentes. No Atlântico, chamamos de furacão. No Pacífico noroeste, como aqui, chamamos de tufão. Hinnamnor/Henry que o diga.

C’est fini as aulas de meteorologia? Talvez. Mas viver por aqui exige mais do que guarda-chuva: exige inteligência emocional nível avançado. E paciência para explicar para amigos do hemisfério norte que, sim, estamos em estado de alerta de novo.

Ainda chove. Desci para o café no prédio onde moro. Um refúgio criativo chamado Farber atrelado ao Ludus — nome pretensioso, caramel macchiato decente. O ar-condicionado está polar. E a moça ao lado ri de forma ensurdecedora. Nada como um ambiente hostil para estimular a escrita cínica.


Então, caro leitor:

Beba água. Escolha seu candidato com consciência.

Se estiver na Ásia, carregue seus eletrônicos e mantenha a serenidade.

E se, por acaso, avistar luzes de Natal piscando em setembro, respire fundo. Não é milagre. É marketing.


Comentários

Postagens mais visitadas