🧠 Evolução, café e bom senso: ou por que 2023 pode não ser (só) mais um ano

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Primeira postagem do ano. Depois de um hiato justificado por TCC, projetos no trabalho e a eleição mais polarizada do Brasil, cá estou. E o saldo? Surpreendentemente positivo. TCC entregue (e bem, obrigada), projetos caminhando (porque terminar é um luxo) e Lula retorna à presidência — agora como o primeiro brasileiro a ocupar o cargo pela terceira vez, e o único a vencer um presidente que não conseguiu se reeleger desde a redemocratização.

E aí vem a clássica pergunta: o que esperar de um novo ano?

Depende. De onde você olha. E de como olha. Meio cheio ou meio vazio?

Pelo lado vazio do copo, ainda temos resquícios de uma humanidade que, mesmo após uma pandemia, permanece hostil, preconceituosa, egoísta — e, pasme, aplaudindo burrice como se fosse virtude. Um pouco frustrante para quem esperava alguma evolução coletiva pós-COVID.

Mas há sinais de vida inteligente. O mundo corporativo foi forçado a se reinventar, e o home office deixou de ser privilégio de meia dúzia de profissões para virar critério decisório na escolha de um novo trabalho. Muita gente, como eu, já não se imagina voltando ao escritório todo dia — e isso não é preguiça, é transformação.

Sim, perdemos um pouco de conexão cultural e inovação espontânea. Mas ganhamos em produtividade, bem-estar e autonomia. Segundo a Você RH, a produtividade foi o item que mais cresceu na avaliação dos líderes. Traduzindo: menos reuniões que poderiam ser e-mails e mais tempo pra fazer o que realmente importa.

Agora, se o seu problema é um funcionário tóxico que insiste em agredir os colegas com microagressões (ou nem tão micro assim), mesmo dentro de uma empresa diversa e cheia de políticas de DE&I... então talvez a solução não seja um treinamento. Talvez seja uma demissão. E com urgência. Porque o que é comportamento pode ser treinado. O que é caráter, precisa ser cortado.

Foto de Glenn Carstens-Peters na Unsplash

Começo de ano também é aquele momento clichê de “novos planos”, “autoconhecimento” e “evolução pessoal”. Tudo ótimo — desde que você entenda que quem evolui sem propósito é só um Pokemón trocando de forma. Ou pior, um Digimon aleatório em modo ataque. Evoluir por pressão externa é só performance. Evoluir de verdade é estratégia.




Não se trata de virar um ser de luz que aceita tudo sorrindo. Mas de aprender a dizer “não”, a delegar, a negociar prazos, a se colocar em primeiro lugar — com empatia, mas sem submissão. Evolução real é levantar da cama, tomar banho, cuidar da pele, escovar os dentes e sair com dignidade. Porque ninguém quer ser um “intentante” bagunçado e com bafo tentando dominar o mundo.

Eu, por exemplo, ainda estou desenhando o que faz sentido pra mim em 2023. Rascunhei ideias, chorei, ri, conversei com amigos. Esse processo dói, mas é real. Quando você se emociona ao perceber o que precisa mudar, é porque começou a transformação de verdade. Aí sim vale olhar para o seu copo — e decidir o quanto ele está cheio ou vazio.

Ah, e entre uma reflexão e outra, decidi ler mais literatura brasileira. Trouxe meus clássicos: Graciliano, Guimarães Rosa, Lima Barreto, Aluísio Azevedo. Alguns vieram comigo, outros a empresa de mobilidade internacional trouxe (obrigada, aliás). Pensei até em revisitar Augusto dos Anjos, mas talvez seja melhor manter a doçura por mais um tempo.


Se você chegou até aqui, obrigada pela leitura. E lembre-se: evolução não é mágica — é decisão. E começa nas pequenas escolhas do dia a dia.


Bibliografia

1 - Você RH, publicado em 17 de janeiro de 2023.

https://vocerh.abril.com.br/futurodotrabalho/as-prioridades-da-lideranca-para-2023/




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