2023 e um Copo Meio Cheio ou Meio Vazio
A primeira postagem do ano.
Um hiato de meses, justificável pelo término de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) do meu curso de relações internacionais, projetos no trabalho e a ansiedade da eleição mais polarizada da história do Brasil. Incrivelmente os resultados foram positivos para todos os casos. Meu TCC foi bem, obrigada. Os projetos no trabalho não terminaram, mas os desta etapa foram entregues e as eleições... Com a vitória apertada, Luiz Inácio Lula da Silva retorna a presidência do Brasil e trazendo consigo dois pontos inéditos: um presidente ocupando pela terceira vez o posto de comandante do Brasil e derrotando um presidente que não conseguiu se reeleger. Desde a redemocratização, todos os presidentes foram reeleitos em suas corridas eleitorais.
Mas o que esperar de um novo ano? Creio que isso dependerá para onde você irá olhar e como irá olhar. Um copo meio cheio ou meio vazio? Eu me divido neste sentimento.
A pandemia de COVID-19 trouxe um possível sentimento de que após tamanha tristeza a humanidade pudesse se unir para um bem maior, a paz mundial e o foco no ser humano. Salvo algumas iniciativas, nada parece ter mudado muito. Uma parcela da população mundial ainda se mantém extremamente preconceituosa, má, arrogante, egoísta e pior, aplaudindo a ignorância e a burrice. Este copo eu vejo meio vazio.
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Foto Arquivo Office |
Por outro lado, as empresas se viram numa situação em que deveriam flexibilizar sua forma de atuar. O trabalho remoto, uma saída para restrições de mobilidade, foi expandido para quase todas os seguimentos. Antes, uma realidade para apenas poucos profissionais, passou a ser quase uma regra para uma parte significante dos empregados, fazendo com que o trabalho remoto ou híbrido entrasse como benefício, ou mesmo um fator decisório para a escolha, pelo candidato, de seu futuro empregador. Há muita gente, assim como eu, que não se vê mais indo para o escritório todo dia. Esse copo eu vejo meio cheio.
Ainda que haja, dentro do trabalho híbrido, a perca de alguns fatores como a conexão com a cultura da empresa, colaboração e inovação, pontos como a produtividade, bem-estar e confiança aumentaram. Aliás, em uma pesquisa recente realizada pela Você RH1, e que traz esses dados, a produtividade foi o item que mais cresceu, pela avaliação dos líderes. Logo, meu copo para este caso é mais do que pela metade.
Muito embora fatores críticos como a conexão com a cultura corporativa e inclusão possam ser sinais de atenção, é possível reverter este cenário com ações efetivas, uma vez que estão relacionadas ao comportamento (behavior). Treinamentos direcionados podem suprir este gap. Agora se o seu empregado é preconceituoso, mesmo dentro de um ambiente corporativo altamente diverso, com políticas bem estruturadas de Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I). Se ele possui micro comportamentos que agridem em maior ou menor escala outras pessoas e gere a sensação de exclusão e não confiança para falar sobre o que pensa entre os seu pares... Bem, você tem a opção, como gestor, de manter uma pessoa altamente tóxica e prejudicial na sua equipe, ou chamar sua responsabilidade e encerrar o contrato, substituindo o ocupante desta posição.
E um novo ano também é um momento excepcional para se fazer novos planos. Um momento para olhar para si e analisar o que faz sentido ou não pra você.
Há quem diga que quem evolui é Pokemón. Bem, errado por completo não está, mas é preciso saber para quem, como e por quê você vai evoluir. Aliás, em um ambiente globalizado eu ouso dizer que você precisa ser um Digimon e se digivolver. Mas e então, você vai evoluir para ser um gratiluz e aceitar tudo? Ou irá evoluir para apender a se colocar em primeiro lugar (com empatia), aprender a dizer "não", aprender a negociar prazos e tarefas, delegar atividades?
A evolução precisa ser um processo de valorização pessoal, de mudança de mentalidade e com planos consistentes e etapas muito bem desenhas. Não adianta também achar que irá dominar o mundo se você sequer anotou que primeiro precisa se levantar da cama, tomar um banho, fazer o skin care, cuidar da higiene bucal, arrumar o cabelo e se vestir. Caso contrário, será um intentante2 desarrumado e com bafo!
Eu ainda estou no meu processo de compreender como irei colocar em prática aquilo que quero para 2023. O que faz sentido pra mim, o que quero mudar, o que quero deixar apenas no passado e encarar como uma evolução. Tive de consultar meu pares, gastar algumas folhas de papel para desenhar o que quero, chorar um pouco, sentir raiva e dar gargalhadas. E se você chorar quando perceber que realmente precisa mudar, quer dizer que você de fato está fazendo essa imersão no seu eu. Aí que você precisa medir seu copo meio vazio ou meio cheio. Como eu disse, isso dependerá para onde você irá olhar e como irá olhar.
Mas aliás, eu sei que neste ano irei ler mais literatura brasileira. Eu trouxe alguns livros comigo, de fato foi a empresa de mudança quem trouxe e agradeço à empresa e a equipe de mobilidade internacional do meu trabalho. Outros pedi ao meu chefe, aqueles que acabei por esquecer na minha cabeceira. Trouxe Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, mas tenho no meu Kindle algumas obras de Álvares de Azevedo, as obras de Lima Barreto e Aluísio Azevedo. Pensei se daria espaço para meu sarcasmo, retornando leituras de Augusto dos Anjos, mas espero ser uma pessoa mais doce.
1 - Você RH, Publicado em 17 jan, 2023
https://vocerh.abril.com.br/futurodotrabalho/as-prioridades-da-lideranca-para-2023/
2 - Intentante é uma referência a palavra intentona. Dicio: cometimento temerário; plano insensato
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